quinta-feira, 8 de maio de 2014

O cão

Como eu o conheço?
Como ele é tão sociável?
Rola ao chão bem de leve
e quando coça seu focinho bate com suas patas traseiras suavemente.
Não sobe pelo, nem cheiro.
Seu pelo brilha
ele é lindo!

O vi andando dentro da grande livraria
com muita classe...
pensei se haveria, ainda que distante um lado selvagem dentro dele.
Talvez se fosse esfaqueado
ou sei lá?
Mas não teria reação morrendo como um um mártir e por uma causa.
Afinal, os mansos herdarão a terra.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Agradecimentos

Todas as veias
parecem ta entupida
e o cérebro bem cheio.
Perdas
desconfianças.
O Magro já morreu fazem dez anos
não posso continuar.
A vida me forçou uma mudança.
Vou ceder!
Preciso de ajuda
deram-me a mão
(que bom)
fiquei feliz!
Acho que vou conseguir
vi senhores sem suas famílias
ouvi homens arrasados
Digo não!
Parece que quando nasci já falavam
E quando eu morrer, continuarão falando...
Enquanto aguardo
só quero pensar um pouco mais
quero falar um pouco também
mas não agora.
Por hora só irei ouvir
pessoas
músicas
o som dos carros lá fora
a liberdade, a palavra
minha mulher
(isso é bom).
Além dele ouvi falar e vi outros morrerem
tão jovens, tão loucos.
Expresso do primeiro fio de cabelo ao último dedo do pé
a loucura desta geração.
Aquela garrafa que me chupou
havia chupado outras milhares de vidas.
Tudo está muito seco
Eu sei ouvir deste novo horizonte
e percebo esta nova realidade.
Ficando em casa
eu viajo no som do baixo
batendo forte com meu coração.
Aspirando outros dias
belas promessas de um futuro melhor
dias melhores
eu quero.
Pare com essa violência
larga isso, deixa disso


sexta-feira, 14 de março de 2014

fragmentos

todas as nossas cantigas evocam uma estação, explodem em banhos melódicos e nos fazem  ver parte, quem sabe se uma pequena parte do infinito que nossa própria alma produz.

aquelas raízes dançavam, se misturavam com o balançar das mãos do cozinheiro na panela escura e metalizada pelo tempo.

perdas que ocorrem cotidianamente para conosco e só para nós, passamos por isso e não notamos muitas das vezes os seus propósitos.

enquanto a luz nos invadia suavemente tomávamos conta um do outro. assim quase que imperceptivelmente solto, livre para nos tocarmos como queríamos - libertos de todo conhecimento da existência de outras classes, outros gêneros e tal.

são nestes dias bem cinzas da cidade que sinto-me também bem vivo, ao menos o suficiente para sentar na beirada da cama, ouvir moonlight drive e escrever alguns fragmentos que rolam nesse louco coração.

                                                                                                      (r.t)

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Ainda tento sonhar

Talvez eu tenha tentado demais ultrapassar as barreiras da razão, foi numa busca desesperada que obtive a primeira grande queda. Ultrapassei, mas fiquei fora. Vida escassa, falta de ar e muitíssima secura entre os dentes. Uma sensação de perda que sempre estava pairando no ar e já havia muito tempo, um olhar triste. Porém muita riqueza artística na forma do caminhar, falar e no pensar. O sonho ainda me parecia ser a única saída. Fui fundo nessa, obtive algum conceito em relação ao que devemos fazer ou como deveríamos agir frente as perdas e tantas frustrações que nos ocorrem no decorrer da grande estrada - mas isso também me foi só vaidade...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Despedida Forçada

  - ao descer na estação do metrô Patriarca, siga em direção a escada rolante mais próxima, passe o bloqueio e vire a direita pegando o corredor que o leve até o próximo lance de escada. Chegará à plataforma e ira enxergar o primeiro bar...
  Ele me olhava, consentia e balançava sua cabeça de uma forma engraçada.
  - me aguarde, chegarei as 9.

   Agradeci rapidamente a atenção de meu camarada. E parti num leve aperto de mão. Uma forçada despedida em que eu e meu saudoso amigo, éramos simplesmente parte desta futura realidade, tão relaxada e que sempre me fará lembrar de um tempinho bom.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Últimos poemas do ano 13 (ano novo)

    Lembro de minha primeira vez. Hoje já fazem 12 anos. Ontem, anteontem. E já faz muito tempo.
    Não mudei muito, só não preciso mais fazer as escondidas, atrás da moita. Meu prazer, meu vício. E já não faz muito tempo.
  Haviam muitos ratos, alguns chegaram a urinar em minha bíblia, minhas roupas. E isso também já faz muito tempo.
  Casei e era lua crescente, quase cheia. Cheio de vento. Uma corrente de ar abalava a decoração do salão. Sem o véu ela se aproximava de braço dado com o irmão, minha mulher. É, isso não faz muito tempo.